
No último dia do mês que busca dar visibilidade à luta das mulheres negras, o Ministério da Igualdade Racial (MIR), promoveu, nesta quarta-feira (31), a atividade de encerramento do Julho das Pretas. Com o tema “Mulheres Negras na Construção de Políticas Públicas de Promoção da Igualdade Racial, Reparação e pelo Bem Viver”, o encontro analisou a conjuntura política e institucional contemporânea, refletiu sobre o papel das políticas públicas de promoção da igualdade racial na vida das mulheres negras e reafirmou o compromisso do MIR com o enfrentamento das múltiplas formas de violência que atingem essa parcela da população. A atividade também buscou fortalecer a atuação do movimento de mulheres negras na sociedade civil e no Estado brasileiro.
A secretária-executiva do MIR, Rachel Barros, destacou que julho não é só celebração, mas também é luta. “É um mês em que gostaríamos de celebrar as conquistas, mas ainda enfrentamos muitas situações desafiadoras. Continuamos lutando por questões muito básicas, como a garantia de uma vida digna, de uma existência com qualidade e segurança”, afirmou.
O secretário de Políticas de Ações Afirmativas, Combate e Superação do Racismo, Tiago Santana, lembrou que o presidente Lula se comprometeu com a pauta das políticas públicas para as mulheres negras e confiou à ministra Anielle Franco a missão de construí-la. “Lembro que, durante a campanha, estivemos diversas vezes com o presidente Lula, que sempre pautou a necessidade de construirmos políticas para o nosso povo, com o nosso povo incluído, fazendo parte, dirigindo essas políticas.”
“Aprender com as mulheres negras como referência, tendo agora a ministra Anielle Franco como nossa liderança, é algo de grande valor. Aprendemos muito com ela, porque é uma mulher que, além de ocupar um cargo público, tem uma história e uma trajetória que vão além de sua função. Isso é muito positivo, porque percebemos que é possível fazer política de forma forte e firme, mas com afeto, ternura e acolhimento”, acrescentou.
Busca por direitos – Durante o encontro, a mesa de expositoras foi composta por Regina Adami, assessora especial de Assuntos Parlamentares e Federativos do Ministério das Mulheres, integrante do ÌROHÌN e o Coletivo Mahin – Mulheres Negras; e por Vilma Reis, assessora do presidente dos Correios, socióloga, professora, feminista e ativista de direitos humanos, referência nos debates sobre raça, juventude e direitos dos povos tradicionais.
Regina Adami, durante sua fala, relembrou os 30 anos do marco das políticas públicas voltadas para a questão racial no Brasil. A assessora especial também destacou desafios persistentes. “Trinta anos depois, apesar de muitos avanços e de toda a legislação conquistada, continuamos reivindicando o mesmo: o direito à saúde da população negra. Lutamos para que as mulheres não morram vítimas de violência obstétrica e para que as doenças que mais nos afetam sejam enfrentadas com seriedade e prioridade”, destacou.
Já Vilma Reis lembrou como Beatriz Nascimento, historiadora brasileira, destacava como é importante que mulheres negras compreendam qual é a potência da presença, corpo e pensamento na ocupação dos territórios.
“Tem gente que pensa que as mulheres negras falam alto e que isso é falta de educação. Não. Isso aqui é exercício de poder. Nós chegamos com o nosso corpo, o nosso cabelo, a nossa voz – e, às vezes, é preciso erguer a voz. O que foi que bell hooks nos ensinou? Erguer a voz. Erguer a voz diante de uma sociedade que nos promete o aniquilamento permanente. Nós temos que erguer a voz. Temos o compromisso de carregar os legados delas”, defendeu.
O diretor de Combate e Superação do Racismo, Nonato Nascimento, aponta que as falas de Vilma Reis e Regina Adami reforçam o papel central e político que o MIR ocupa no cenário nacional, construindo e consolidando de ações coletivas para a justiça racial. “Esses espaços de diálogo são necessários e fundamentais para fortalecer a ampliação de políticas que culminem na dignidade da vida do povo negro brasileiro, como afirmou a nossa ministra Anielle Franco no seu discurso de posse”, pontuou Nonato.